terça-feira, 30 de junho de 2015

Parceiro de treinos de Lyoto analisa derrota para Yoel Romero e pede: "Volte às origens"


No último sábado, Lyoto Machida foi nocauteado por Yoel Romero e sofreu sua segunda derrota consecutiva no UFC - ele vinha de revés para Luke Rockhold -, o que não acontecia desde 2010. Após o duelo, o ex-companheiro de treinos do brasileiro dos tempos de seleção brasileira de caratê, Jayme Sandall escreveu um texto em seu blog analisando o combate e dando sugestões para o futuro da carreira do colega. Confira o texto na íntegra:
"Não deu. Mais uma vez (a terceira em quatro lutas), Lyoto Machida saiu derrotado do octógono mais famoso do mundo. Desta vez, ele enfrentou um oponente extremamente perigoso, que em minha opinião tem tudo para disputar o cinturão em pouco tempo. O cubano foi melhor desde o início, e não deu muitas chances para o carateca. No primeiro round, os dois se estudaram, sem tentar nada muito contundente. No segundo, Romero foi melhor, partindo para cima e levando perigo com algumas sequências de socos. No terceiro round, depois de encaixar bons golpes que abalaram Lyoto, ele derrubou. No chão, o brasileiro não teve a menor chance: levou uma sequência de cotoveladas muito fortes, que o puseram a nocaute.

Antes da luta, Lyoto deu uma entrevista. Perguntado se não estava voltando a lutar rápido demais, ele respondeu que não, que queria exatamente apagar logo a impressão ruim que deixou na última luta. Na minha opinião, isso foi um erro. Para apagar a impressão ruim da última luta, acho que ele deveria ter repensado seus treinos, sua estratégia, e, principalmente, ter escolhido um adversário um pouco menos complicado. Sei que é ruim negar luta, mas ele poderia ter alegado que estava muito em cima, que ele precisava de mais tempo. Por mais que Dana ficasse irritado com isso, nada seria pior do que mais uma derrota, ainda mais da forma que aconteceu.

Agora, acredito que ele deveria fazer exatamente isso: pensar com calma em seus treinos, rever seus conceitos, olhar para trás. O fato é que Lyoto tem lutado de forma muito diferente do jeito que lutava alguns anos atrás. Desde a derrota para Jon Jones (luta em que ele teve um desempenho excelente), tive a impressão de que ele começou a mudar. Começou a se mostrar um Lyoto diferente, mais receoso de usar seu caratê. Pode ser que eu esteja errado, mas a impressão é que ele não está mais treinando da mesma forma que antes.
Vi uma reportagem grande com ele antes da luta contra Cris Weidman. Em Los Angeles, mostraram a rotina de treinos dele. Vi que ele treinava jiu-jitsu, wrestling, muay thai... mas nada de caratê. Sem perceber, ele passou a treinar o que chamo de "pacote de MMA": jiu-jitsu, wrestling e muay thai. Com isso, ele passou a ser só mais um, e deixou de lado o seu grande diferencial: o caratê. É claro que acho que ele deve treinar um pouco de tudo. Claro que o jiu-jitsu e o wrestling são essenciais, e claro que o muay thai tem muito a acrescentar ao seu jogo. Mas e os treinos de caratê?

Ronda Rousey tem mostrado ao mundo que o "pacote" é muito útil, mas que jamais deve-se esquecer ou perder suas origens. Tem mostrado que o judô (sua luta de origem) é, sim, muitíssimo eficaz no MMA. E esse é um dos grandes diferenciais dela - suas quedas que abalam as adversárias.

Torço para que ele volte às origens: acredite e ouça seu treinador, Chinzô Machida, e chame pessoas que já trabalharam com ele como Paulo Afonso, e o sensei Watanabe. Na minha opinião, esse é o caminho para retornar às vitórias tão impressionantes que fizeram com que o brasileiro se tornasse um dos maiores lutadores do mundo".
Clique aqui e confira o texto original no blog.

Fonte: Uol


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